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Nesse momento, dois cães, que, perto dali, aguardavam inquietos pelo comando sonoro, saem em disparada rumo ao pasto. Enquanto um deles corta caminho por dentro, o outro corre ao longe para, juntos, cercarem o gado.
Agora, a cena é de ação. Sem latidos, mas com ágeis movimentos laterais nos sentidos horário e anti-horário, os cães reúnem a boiada solta e a conduzem até o curral. Em seguida, com um comando de voz, a dupla entende que a tarefa terminou e que já pode descansar.
Essa descrição ilustra a forma de pastoreio característica de um cão, cujo trabalho é conhecido nas regiões Sul e Sudeste do País, mas ainda pouco utilizado por pecuaristas em Goiás e Tocantins: o border collie. A raça é de origem européia, mas mostrou ser boa de serviço também sob as condições do clima tropical brasileiro.
“O negócio do border collie é sair para trabalhar”, explica o veterinário Gustavo Silva Alvarenga, proprietário de um rancho localizado em Santo Antônio de Goiás, onde se presta serviço particular de adestramento de animais da raça para a lida no campo.
DO instinto à eficiência
O instinto da raça geralmente se manifesta no animal ainda bem pequeno. Um sinal é quando ele começa a encantoar aves da fazenda. Mas, segundo o presidente da Associação Brasil Border Collie (ABBC), André Camozzato, para poder utilizar todo o potencial de pastoreio do cão, é necessário submetê-lo a um bom treinamento.
André compara a herança genética do border collie a uma pedra bruta. A partir da forma como os rebanhos se movem e do que o dono do cão quer que ele faça, inicia-se o “polimento” que o torna apto às tarefas da fazenda.
Tempo de treino
O grau e o tempo de adestramento dependem do que se espera do border collie. Para um serviço mais rústico, André Camozzato diz que quatro meses de treino, com comandos básicos, podem ser suficientes. Já para realizar um trabalho mais preciso, além de contar com boa genética, o cão vai precisar de oito a dez meses de treinamento.
Se o objetivo for atingir nível de competição, o tempo dedicado ao treino sobe para dois anos. O veterinário Gustavo Alvarenga explica que “não basta só tocar o gado”, pois as provas exigem que o cão faça os movimentos certos na hora certa. Em todo caso, o animal aprende a obedecer a comandos de voz (em português ou outro idioma) e de som, por meio de apito.
Para que o border collie desempenhe bem o papel de cão-pastor, alguns fatores fazem toda a diferença. “Se o cão não for bom de genética, esqueça. Se o cão for bom de genética e o treinador não souber o que faz, esqueça. Se o cão for bom de genética, o treinador for bom e o condutor não souber lidar com o cão, esqueça. Para dar certo, todos têm de participar do processo”, esclarece André Camozzato.
Aos que pretendem contar com a ajuda do border collie no campo, ele sugere buscar fornecedores idôneos e informar-se bem antes de adquirir o primeiro cão. “Se possível, veja se os pais do animal trabalham dentro das expectativas que você tem em relação ao filhote. Este tempo de pesquisa é valioso”, orienta.
Fonte: AGROLINK